Top 5: as melhores séries brasileiras do ano

25/12/2023 | Notícias

A pedido da Folha, fiz uma lista com as melhores séries do ano. Escrevi apenas sobre as brasileiras. São as seguintes:

Cangaço Novo (Prime): A melhor produção brasileira do ano, criada por Mariana Bardan e Eduardo Melo. Por meio da história de três irmãos, cujos pais foram assassinados em 1998, a série desenvolve um drama em que os mundos da política e da (falta de) polícia se cruzam na fictícia Cratará, no sertão do Ceará. Tudo temperado pelo campo da fé, que mobiliza almas e inspira ações. Com direção de Fábio Mendonça e Aly Muritiba, a série extrai muito de sua força da qualidade técnica, notável nas cenas de ação, fruto dos muitos recursos investidos na produção, e de uma dupla de atores, Alice Carvalho e Allan Souza Lima, em estado de graça.

A Vida pela Frente (Globoplay): Ainda que possa ser etiquetada como uma “série adolescente”, consegue, dialogar com públicos de todas as idades. Criada pela atriz Leandra Leal, narra uma história passada em 1999, inspirada em situações que viveu, viu ou ouvir falar na sua adolescência. A série se distingue de produções brasileiras recentes no seu esforço de não entregar tudo de bandeja. O bom roteiro e a direção cuidadosa convidam o espectador a pensar, imaginar e, em última instância, sentir o que os jovens personagens estão vivenciando. O trio de protagonistas, Flora Camolese, Nina Tomsic e Jaffar Bambirra entrega desempenhos impressionantes.

DNA do crime (Netflix): Maior investimento da Netflix em uma produção brasileira, até hoje, a série de ação opõe o crime organizado à Polícia Federal. Dirigida por Heitor Dhalia, a produção avança muito ao traçar um retrato complexo da PF, a verdadeira protagonista da série, fugindo da bajulação “chapa branca” de produções recentes. Com a ajuda de técnicos e know how americano, as cenas de assaltos, perseguição e violência brutal estão entre as melhores já filmadas por aqui. Thomás Aquino brilha muito como Sem Alma, um criminoso impiedoso.

Galvão: olha o que ele fez (Globoplay): Foi preciso que Galvão Bueno deixasse de ser o principal narrador da Globo para que ganhasse uma série documental à altura de suas contradições. A produção é abertamente uma homenagem ao narrador que foi a voz da Globo por 41 anos, mas vai além da reverência. Em momentos significativos, os diretores Gustavo Gomes e Sidney Garambone expõem o protagonista como uma figura incontrolável e desrespeitosa com os colegas de trabalho. Galvão reclamou do resultado: “Eu acho que eles exageram um pouco em uma parte… No quarto episódio parece que sou meio monstro mesmo”.

As Últimas Férias (Star +): Drama e suspense policial, protagonizado por um grupo de adolescentes em uma ilha quase deserta. O gênero, batidíssimo em Hollywood, ganha uma cor brasileira nesta produção muito bem dirigida por Daniel Lieff. A história se passa no Paraná e gira em torno da viagem de sete adolescentes para comemorar o fim do ciclo colegial e a entrada na universidade. As relações entre eles, bem costurada pelo roteiro, se mostra complexa e não previsível. Lara Tremouroux e Stella Rabelo se destacam no bom elenco.

A Folha pediu a outros jornalistas e críticos que também apresentassem suas listas de melhores. O texto pode ser lido aqui.

Tenho, ainda, uma lista de cinco séries estrangeiras: Nada (Star +), Atlanta, temporada 4 (Netflix), Succession, temporada 4 (HBO), Vosso Reino, temporada 2 (Netflix), e Alguém em Algum Lugar (HBO.