Odiados, mas bons de votos

19/09/2024 | Folha de S.Paulo

A degradação do espetáculo da política na televisão alcançou novos patamares nas últimas semanas. Nos EUA, durante um debate, Donald Trump falou que imigrantes haitianos estão comendo animais de estimação em uma pequena cidade em Ohio. Em São Paulo, também em um debate, em resposta a uma provocação, José Luiz Datena atirou uma cadeira em Pablo Marçal.

Não surpreende que os três protagonistas dessas cenas tenham muita experiência profissional no campo da comunicação. De forma consciente ou não, seguem a cartilha de Roger Stone, o consultor político que ajudou a eleger Trump em 2016, defendendo que o seu candidato apostasse num show que mistura desinformação e ultraje.

Em um artigo recente no The New York Times, Michael Hirschorn, diretor e dono de uma produtora de televisão, defendeu a tese de que esses personagens ultrajantes da política encontraram inspiração em reality shows.

Hirschorn recorre à trajetória do vencedor do “Survivor”, reality pioneiro da era moderna, no ano 2000. Richard Hatch, abertamente gay, com postura arrogante e rude, foi o primeiro “jogador” de um programa desse tipo. Manipulou os adversários para sobreviver, fez alianças com “inimigos” e enganou a produção do programa para avançar em uma das rodadas da competição.
Leia mais (09/18/2024 – 15h12)