“Task” e “House of Guinness”, séries que não se arriscam

09/10/2025 | Folha de S.Paulo

Numa tira da série Bicudinho, publicada em 30 de agosto, na Ilustrada, Caco Galhardo exibe um diálogo entre Tati Matisse e Gislaine diante de um aparelho de televisão. De pé, a primeira pergunta: “O que você quer assistir?”. Já refastelada no sofá, a segunda responde: “A última bobagem bem-feita”.

Um dos maiores em seu ofício, exercitando com graça e ironia o poder de síntese, Galhardo faz nessa tirinha uma análise brilhante sobre o cardápio padrão que as plataformas de streaming têm apresentado aos assinantes.

Entendo que o cartunista não esteja exatamente reclamando da oferta, mas apenas observando que hoje predomina uma produção confortável, de pouco ou nenhum risco. São séries que buscam satisfazer o gosto médio, sem tirar o sono de ninguém, e permitir que se pause a exibição, a qualquer momento, para renovar o pote de pipoca.

O jornalista James Poniewozik deu nome ao problema: “O que temos agora é uma profusão de competência com bom elenco, produzida com elegância. Temos remakes de títulos familiares com bom gosto. Temos a evidência de orçamentos saudáveis gastos em locações impressionantes. Temos novos programas bons o suficiente que se assemelham aos grandes de antigamente. Entramos na era de ouro da TV Média”.

“Task”, em exibição na HBO, e “House of Guinness”, disponível na Netflix, as duas séries atuais que têm me entretido, me levaram a recorrer a Galhardo e Poniewozik. As duas são interessantes, atraentes, bem-feitas, mas convencionais e pouco ambiciosas.

Leia mais (10/08/2025 – 17h03)